Embora vivamos em muitos lugares diferentes ao redor do mundo atualmente, estamos conectados pelos elementos que sustentam a vida. Nossos espíritos e paixões são inflamados pelo fogo em nossos corações. A força e a estabilidade da Mãe Terra sustentam nossa base em todas as terras vivas. Os ventos nos lembram de nossa interconexão com a ancestralidade, uns com os outros e com as gerações futuras. No centro de tudo isso está o conhecimento de que os caminhos da água e nossa conexão com todos os elementos da Terra sustentam nossas formas de vida.

A história da psicologia comunitária no continente africano tem conexões com colegas na África do Sul e associações com movimentos de resistência em todos os continentes. Entretanto, na história da conferência do ICCP, apenas uma foi realizada no continente africano. Esta conferência apoiará o aprendizado de outras pessoas ao redor do mundo sobre como a psicologia comunitária tem apoiado a diversidade cultural ao incentivar diversos fundamentos ontoepistemológicos, aprendendo uns com os outros sobre como a fundamentação no local e na prática molda culturas de cuidado e cultiva um senso de comunidade.

Entretanto, dada a história global de colonização e as formas hegemônicas de psicologias globais, procuramos nos concentrar nas psicologias das comunidades dessas regiões. Portanto, embora parte de nossa história dentro do campo indique como a psicologia comunitária pode ter sido trazida de outros locais, planejamos enfatizar a importância das ecologias locais de conhecimento fundamentadas nos contextos geográficos, genealógicos e históricos locais da vida das pessoas que vivem, trabalham e resolvem problemas coletivamente.

Sediar o ICCP de 2026 em Lagos despertará energias para a construção de um local de compostagem coletivo para praticar o apreço por nossas formas naturais locais de ser, nosso profundo senso de interconexão e um orgulho renovado de colocar em prática nossas próprias psicologias para a cura, resistência e organização da comunidade. O entusiasmo de planejar a realização de um evento internacional como esse revigorará nossas conexões sem a necessidade de influência externa. As contribuições financeiras fornecidas por meio das inscrições contribuirão para o desenvolvimento de um centro de psicologia comunitária apoiado em todo o continente. Um centro de recursos desenvolvido para apoiar a construção de relacionamentos, o desenvolvimento de redes e as necessidades contínuas de longo prazo de nossas comunidades. Um lugar para criar arquivos locais sobre nosso trabalho, nossas histórias de sucesso e o que funciona com nosso povo para proporcionar uma conscientização sobre educação, pesquisa e ação de psicologias comunitárias como o núcleo da Psicologia Africana.

Hidrovias ... o título e o tema principal do ICCP 2026, refere-se ao reconhecimento do poder de nossas conexões, independentemente da distância que tenhamos percorrido. Assim como a água, seu poder é inerente e também está nas condições em que é mantido. Esperamos criar as condições para a celebração de uma reconvocação para todos que estão traçando uma conexão de volta à terra natal. Vemos esse santuário como uma revisitação libertária de nossa humanidade compartilhada - para pessoas de todas as origens. Ao sair, você não sai apenas com novas informações, mas também com o lar incorporado em sua pessoa. Vemos este encontro como o início de novas maneiras de nos conectarmos com todos em todo o mundo.

TEMAS

1) A Nação Pan-Africana: a contribuição dos estudos africanistas. Serão bem-vindas propostas que se concentrem nas perspectivas africanistas de construção de comunidades e mudança social e/ou que se concentrem no trabalho de acadêmicos pan-africanos, incluindo, mas não se limitando a:

1. Kwame Nkrumah
2. Thomas Sankara
3. Frantz Fanon
4. Sophie Bosede Oluwole
5. Wole Soyinka
6. Cheikh Anta Diop
7. Wangari Muta Maathai
8. James Baldwin
9. Malcolm X
10. Charlotte Mannya Maxeke
11. Amílcar Cabral

2) A Map to the Door of No Return (Um mapa para a porta sem retorno): Criando caminhos para curar os impactos da colonização, do imperialismo e da escravidão. Serão bem-vindas propostas que discutam os impactos da colonização, do imperialismo, da escravidão e de outras formas de opressão sistêmica, bem como propostas que discutam intervenções contra a violência sistêmica.

1. A invenção das mulheres
2. Things Fall Apart
3. Decolonizing the Mind (Descolonizando a mente): The Politics of Language in African Literature (A Política da Linguagem na Literatura Africana)
4. A luta pela África
5. Reparação

3) Psicologia comunitária, a ciência da biodiversidade e o papel dos elementos terrestres. A roda cósmica de Dagara simboliza o equilíbrio e a harmonia dos elementos. Os efeitos da mudança climática incluem extremos de água, como secas, inundações e tempestades mais frequentes e fortes. Esses eventos destacam a necessidade de desenvolver um senso de comunidade planetária. Aceitamos propostas que se concentrem na promoção da diversidade, da justiça social e de um senso de comunidade a partir de uma perspectiva ecológica.

4) Serviço Humano e Paradigma Centrado na África: arranhando os limites de nossa imaginação. É necessário desafiar, criticar e rejeitar as epistemologias ocidentais dominantes e persistentes que foram impostas às sociedades africanas. Serão bem-vindas propostas que utilizem paradigmas centrados na África para prever intervenções inovadoras nas comunidades. Os exemplos incluem abordagens para intervenções de saúde, engajamento cívico e abordagem de problemas sociais.

5) Divinizando o futuro: Diversas abordagens de pesquisa, preocupações com IA, ciência de dados e algoritmos. O sistema de adivinhação Ifa, que faz uso de um extenso corpus de textos e fórmulas matemáticas, é praticado entre as comunidades iorubás e pela diáspora africana nas Américas e no Caribe. Nesse sistema de adivinhação, podemos ver um ancestral dos computadores e da Internet, mostrando como o armazenamento de informações e seu uso para avaliar o presente e se preparar para eventos futuros é uma prática antiga. Com o aumento do papel das tecnologias preditivas e da ciência de dados, torna-se ainda mais importante considerar quem controla essas tecnologias e quais dados estão sendo fornecidos a elas. Os dados e as informações baseadas em dados podem ser ferramentas poderosas para aumentar a conscientização sobre condições opressivas e o potencial de mudança. Além de pesquisas empíricas, serão bem-vindos artigos teóricos e conceituais integrativos que abordem a prosperidade comunitária.

FORMATOS

Será dada prioridade a propostas que abordem explicitamente uma ou mais das seguintes expectativas: (a) alta qualidade, (b) congruência com o tema geral da conferência e as áreas temáticas listadas acima, (c) exemplos de envolvimento comunitário-acadêmico, (d) articulação clara das lições aprendidas com a sessão proposta e (d) colaboração. As propostas devem incluir uma descrição dos formatos e atividades que maximizarão a participação do público. Incentivamos abordagens inovadoras, criativas e baseadas em arte para atingir esse objetivo. Observe que aceitaremos apenas um envio de primeiro autor por indivíduo, e o primeiro autor em um envio será o indivíduo que enviar a proposta ao sistema. Além disso, solicitamos que um único indivíduo seja listado em qualquer função em não mais do que cinco propostas separadas (sem incluir apresentações de pôsteres). Os envios devem se enquadrar em uma das seguintes categorias:

1. Mesas-redondas Nia Magic: Nia significa “propósito” em suaíli e também é um dos princípios do Kwanzaa. Esse nome enfatiza a importância de o trabalho criativo ser conduzido por intencionalidade e propósito, incentivando os participantes a refletir sobre os significados mais profundos por trás de seus esforços artísticos. As mesas-redondas Nia Magic são uma técnica deliberativa que incentiva a participação igualitária em uma ou mais questões. A mesa redonda se concentrará em tópicos centrais e será estruturada de acordo com cada eixo temático e com base em propostas apresentadas pelos participantes inscritos. Haverá comentaristas e algumas pessoas que registrarão ideias e discussões para conectar cada instância dentro do eixo e favorecer a produção cumulativa.
2. Letsema (Oficinas Comunitárias): Letsema, um termo de origem Sotho, significa “reunir-se para trabalhar em direção a um objetivo comum”. Ele incorpora o espírito de esforço coletivo e apoio comunitário, promovendo um espaço compartilhado para pensar, aprender e criar juntos. Esses workshops funcionam como espaços de produção colaborativa em que os participantes se envolvem em atividades práticas e técnicas participativas para explorar temas importantes. Além das trocas orais, eles incorporam métodos alternativos e interativos para estimular um envolvimento mais profundo. Além disso, servem como uma plataforma para refletir sobre as metodologias e técnicas usadas na prática e na ação sociocomunitária, garantindo um desenvolvimento comunitário significativo e sustentável.
3. Timbuktu: A Gathering of Minds (Exposição): Batizado com o nome da antiga cidade de Timbuktu, um centro histórico de aprendizado e cultura na África Ocidental, esse nome simboliza a troca de conhecimento, ideias e criatividade. Ele remete a uma época em que o florescimento intelectual e artístico ocorria em um ambiente colaborativo e intercultural. Esse formato permite a exibição de resultados de pesquisas e intervenções, experiências comunitárias ou outras dimensões do trabalho. Em um horário pré-estabelecido, seus autores estariam localizados ao lado da exposição para promover um intercâmbio próximo com os participantes.
4. Akụkọ Ifo N'Ọnwa (Contos à luz do luar): Esse nome evoca um senso de espírito coletivo e cooperação, enfatizando a importância de se unir para um propósito comum. Situado em um ambiente imersivo ao luar, o formato introduz o tema da noite. O espaço será artisticamente iluminado, com projeções das fases da lua, dando o tom para uma noite de exploração e criatividade. Uma palavra falada ou um monólogo poético sobre a convergência de arte, criatividade e experiência abrirá cada sessão ao luar. Elemento especial: Os participantes são convidados a usar ou trazer itens que representem sua conexão com a lua, a natureza ou a criatividade. Elemento interativo: Os participantes terão a chance de escrever um conceito ou uma ideia que gostariam de explorar, e a sessão contará com uma “troca de ideias” rotativa em que as pessoas poderão pegar uma anotação e responder espontaneamente ou expandi-la. Será incentivada a exposição a experiências, conceitos ou outras propostas usando recursos artístico-criativos.
5. Bashiri: The Circle of Creators and Griots (Sessões do Ignite): Bashiri é derivado da palavra suaíli para “bênçãos” ou “prosperidade”. Pode representar um espaço de intercâmbio criativo em que ideias, conceitos e arte são compartilhados em um espírito de crescimento mútuo e energia positiva. Esse formato permite o diálogo com os referentes sobre diferentes tópicos. Os assistentes recebem um catálogo como guia sobre os principais aspectos da valiosa experiência de cada referente.
6. Ananse: A Teia do Conhecimento (Simpósios): Ananse é o nome de uma aranha trapaceira na mitologia Akan, geralmente retratada como contadora de histórias e uma figura de sabedoria. Esse nome seria adequado para uma conferência focada na narração de histórias, na criatividade e na interconexão de ideias em diferentes culturas. Serão recebidos resumos para discutir e compartilhar percepções sobre o tema da conferência.